Uma interessante matéria sobre tanto mimimi de abordar a política pão e circo, ou ainda que a Copa esconde as verdades sobre o país. “Textão” em rede social para denunciar o caos cotidiano sob um forte discurso de protesto, que depois é jogado na lama diante da urna eletrônica.
Sobre isso e muito mais um bom texto para refletir:
Como pesquisador do futebol, estudante do Mestrado em Antropologia na Universidade Federal da Paraíba, eu fico triste ao ver que o esporte é sempre o primeiro alvo e a primeira vítima em momentos de tensões extremas como o atual.
As frases são sempre as mesmas:
– O mundo se acabando e o povo pensando em futebol.
– Daqui a pouco o jogo começa e o povo esquece de tudo.
– O Brasil pegando fogo e o povo gritando gol.
Pensamento simplista. Tolo. Minimizador.
Primeiro de tudo, o futebol é indiscutivelmente um dos maiores mobilizadores dos povos mundo afora.
Potencial aglutinador incrível.
Espaço de sociabilidades, de demarcação de territórios, de definição de identidades.
O futebol já foi protagonista de algumas ações políticas inegavelmente incríveis. Histórias em que o esporte se posiciona, toma partido, se apresenta como resistência, quebra a ordem vigente. Provoca o caos transformador típico das revoluções.
Dentro de campo e nas arquibancadas.
Sempre foi assim.
No Brasil e fora dele.
Achar que o torcedor de futebol está necessariamente alheio ao que acontece em seu entorno apenas porque acompanha futebol é de um preconceito raso. De uma debilidade absurda. De uma ignorância medonha.
E é claro que tem muito brasileiro que não está nem aí com os incêndios diários que acontecem em Brasília e nas esferas políticas brasileiras.
Mas a culpa é de um país que pouco dá importância à educação. Em que as instituições políticas estão falidas. Em que a corrupção é endêmica.
A culpa, meus amigos, acredite, não é do futebol.
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***Texto de Phelipe Caldas, que é jornalista (investigativo) formado pela Universidade Federal da Paraíba e autor do livro “Academias de Bambu – boemia e intelectualidade nas mesas de bar”. Neste espaço, escreve sobre os bastidores do esporte – paraibano ou não.