Um novo estudo desenvolvido por pesquisadores do Instituto do Cérebro (ICe), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), demonstra que cochilos durante o período das aulas podem ser usados para impulsionar a aprendizagem escolar de uma maneira escalável e de baixo custo. Essa medida simples, segundo os autores, tem potencial para melhorar a educação em todo o mundo.
Com o título Cochilos pós-aula impulsionam a aprendizagem declarativa em um ambiente escolar naturalista, a pesquisa foi publicada na revista Science of Learning, do grupo Nature. O estudo é coordenado pelo neurocientista Sidarta Ribeiro, chefe do Laboratório de Memória, Sono e Sonhos do ICe, em colaboração com o Departamento de Física da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o Departamento de Ciências Psicológicas e do Cérebro (Washington/EUA) e a Escola Estadual Berilo Wanderley.
O estudo, realizado em uma escola pública de Natal (RN), teve como amostra um grupo de 24 estudantes, de ambos os sexos, da 5ª série, com idade média de 10 anos. Os testes, que duraram seis semanas, eram realizados durante três dias: segundas, terças e sextas-feiras. A coleta de dados aconteceu inteiramente dentro da escola, com sorteio semanal para decidir quem dormiria e quem veria aula durante o experimento.
O resultado mostrou que cochilos com duração de 30 a 60 minutos parecem aumentar a retenção de conteúdo curricular em 10%, semelhante à avaliação anterior em estudantes de faixa etária semelhante. Além disso, a falta de efeito para cochilos mais curtos está de acordo com os achados laboratoriais anteriores.
Pelo que foi observado, os benefícios do cochilo matinal provavelmente estão referidos ao estágio dois do sono, que tem sido relacionado à memória declarativa, e não ao sono REM (Rapid Eye Movement) que beneficia a criatividade.
“O material apreendido correspondeu a conteúdos declarativos, e o teste envolveu a memorização e a associação de múltiplos conteúdos, mas não pensamento abstrato ou criativo”, completou Sidarta Ribeiro.
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