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Dr. Lissandro Barros

Resistência insulínica: O que significa isso?

Nada mais é do que uma falha na ação da insulina, aquele hormônio produzido no nosso pâncreas e que atua no controle do nível de glicose (açúcar) no sangue. Esta alteração surge tanto em decorrência de fatores herdados geneticamente, como também em consequência do acúmulo excessivo de gordura visceral.

Desta forma, situações como excesso de peso, obesidade abdominal, sedentarismo figuram como fatores onde podemos atuar de forma a atenuar ou ao menos minimizar esta alteração do metabolismo.

Geralmente a resistência insulínica se inicia muitos anos antes de o paciente receber o diagnóstico definitivo de diabetes tipo 2, aquele que representa mais de 90% dos casos de diabetes.

Na maioria dos casos, observa-se um agrupamento de alterações em um mesmo paciente: obesidade abdominal, hipertensão arterial, pequeno aumento no nível de glicemia (taxa de açúcar no sangue), triglicerídeos elevados, colesterol bom baixo (HDL-colesterol) e esteatose hepática (popularmente conhecida como fígado gorduroso). Este conjunto de alterações é conhecido como síndrome da resistência insulínica ou síndrome metabólica.

A resistência insulínica também é a causa daquela manchinha escura na região de transição entre o pescoço e as costas, que muitos pacientes confundem com aquele aspecto de pele suja e de falta de higiene.

Em garotas adolescentes e mulheres jovens, a resistência insulínica também está relacionada ao surgimento de outras alterações hormonais como por exemplo, os ovários micropolicísticos, resultando em menstruações irregulares, acne, excesso de pelos e queda de cabelo.

“A síndrome metabólica ou síndrome da resistência insulínica deve ser encarada pelos pacientes como uma janela de oportunidade para se prevenir contra o diabetes e as doenças cardiovasculares”, afirma o Dr. Lissandro Barros, médico endocrinologista.

Dr. Lissandro Barros fala sobre obesidade, confira!

Segundo dados da última pesquisa Vigitel divulgados em 17 de abril deste ano pelo Ministério da Saúde, 1 em cada 5 brasileiros encontra-se em situação de obesidade. Em 2006, a taxa de prevalência de obesidade no Brasil era de 11,8% e, de acordo com os dados da pesquisa Vigitel, em 2016 esta taxa subiu para 18,9%.

Ao ampliar a análise para a categoria “excesso de peso”, que englobaria os casos de sobrepeso e obesidade, os dados da pesquisa já mostram que 53,8% da população brasileira está acima do peso.

Os dados colocam de forma alarmante que o Brasil já se posiciona entre os países com maior índice de obesidade no mundo.

A obesidade é uma doença crônica, de causa multifatorial, e das mais difíceis de serem tratadas quando se tem como objetivo principal perder peso e manter essa perda a longo prazo, afirma o endocrinologista Dr. Lissandro Barros, que lembra que esta doença é a porta de entrada para várias outras como a hipertensão arterial, diabetes, doenças cardíacas e problemas osteoarticulares.

O grande problema é que o tratamento do excesso de peso tem como fundamento as mudanças no estilo de vida: reeducação alimentar sustentada e atividade física regular. Isto exige, de forma ideal, um acompanhamento multiprofissional: médico endocrinologista, nutricionista, educador físico e frequentemente até psicólogos.

Outro entrave, segundo o Dr. Lissandro Barros, é o grande preconceito e distorções que existem na sociedade quanto ao uso de medicamentos no tratamento do excesso de peso.

“É verdade que não dispomos de soluções mágicas, mas que existem medicamentos que podem sim ajudar a uma grande parcela dos pacientes em situação de excesso de peso é inegável”, esclarece o especialista, que acrescenta: – “as pessoas costumam aceitar o uso de medicamentos para tratar várias doenças crônicas como asma, hipertensão arterial, depressão etc., mas quando se fala em uso de medicamentos para combater o excesso de peso o preconceito costuma ser enorme.”

Outra distorção frequente em nossa sociedade é achar que só é obeso, aquele indivíduo que se encontra em situação extrema de obesidade, a obesidade mórbida, quando na verdade existem pelo menos 4 níveis do problema: sobrepeso, obesidade leve, obesidade moderada e a obesidade grave.

Atualmente existem no Brasil 3 medicamentos com uso aprovado pela ANVISA e disponíveis nas farmácias e que podem compor o tratamento do excesso de peso, como ferramenta auxiliar e adjuvante no combate a esta doença.

Aceitar o problema, e procurar ajuda especializada já é um bom começo.