Indicada de João Maia estava em cargo que poderia evitar crise humanitária dos Ianomâmis
Do blog do Barreto
Tem potiguar envolvida na tragédia humanitária que levou a morte de crianças ianomamis em Roraima. O problema de saúde indígena veio à tona na última sexta-feira.
O problema é atribuído a falta de atenção do governo de Jair Bolsonaro (PL) com a população indígena.
Uma potiguar estava em um cargo chave ao longo segundo semestre de 2022. Trata-se da odontóloga Midya Hemilly Gurgel de Souza Targino, de 27 anos. Ela é ex-mulher de um sobrinho da prefeita de Messias Targino, Shirley Targino (PL), esposa do deputado federal João Maia (PL).
Maia é o padrinho político de Midya. Foi ele quem a emplacou na estrutura do Governo Federal. Primeiro tirando ela da Secretaria Municipal de Saúde de Messias Targino para ser superintendente do Ministério da Saúde no Estado do Rio Grande do Norte (SEMS/RN) em dezembro de 2020.
Após se separar do sobrinho de Shirley, Midya trocou Natal por Brasília. Primeiro sendo indicada em janeiro de 2022 para o cargo de Coordenadora-Geral de Fortalecimento da Gestão dos Instrumentos de Planejamento do SUS, na Secretária Executiva do Ministério da Saúde. Somente em julho de 2022 ela assumiu a função de Diretora do Departamento de Atenção Primária à Saúde Indígena da Secretaria Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde.
No site do Ministério da Saúde, o departamento é descrito assim:
O Departamento de Atenção Primária à Saúde Indígena (DAPSI) é responsável pela condução das atividades de atenção integral à saúde dos povos indígenas, por meio da atenção básica, da educação em saúde e da articulação interfederativa, ou seja, articulação com os demais gestores do SUS para provimento das ações complementares e especializadas.
A atenção integral à saúde indígena é composta por um conjunto de ações para a implementação da Atenção Primária à Saúde nos territórios indígenas. Estas ações visam promover a proteção, a promoção e a recuperação da saúde desses povos de maneira participativa e diferenciada, respeitando-se as especificidades epidemiológicas e socioculturais dos povos indígenas e articulando saberes no âmbito da atenção.
Além disso, contempla também as ações de articulação com os serviços de média e alta complexidade de modo a atender integralmente as necessidades de saúde dos povos indígenas, assim como o apoio para o acesso desses povos à referida rede de serviços”.
Midya ficou no cargo até 20 de dezembro quando foi exonerada pelo então ministro chefe da casa civil Ciro Nogueira (PP), que voltou a ser senador pelo Estado de Piauí.
Foi justamente ao longo do período em que Midya esteve num cargo relacionado a atenção básica da saúde indígena, que prevê um relacionamento Interfederativo, que transcorreram as negligências com a comunidade ianomâmi em Roraima.
Em novembro de 2022 uma Operação da Polícia Federal desvendou um esquema de desvio de medicamentos que deveriam ser enviados para a aldeia.
Calcula-se que em quatro anos 570 crianças da comunidade morreram por causa da desnutrição sem contar os casos de malária.
As imagens de indígenas famélicos assombraram o mundo e o presidente Lula (PT) esteve em Roraima no sábado acompanhado de ministros para anunciar medidas emergenciais.
Segundo o jornalista Jamil Chade, do UOL, o caso será levado ao Tribunal Penal Internacional de Aia, na Holanda.
O Blog do Barreto entrou em contato telefônico com Midya Hemilly Gurgel De Souza Targino. Ela não atendeu as ligações nem respondeu as mensagens.