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Operação Carne Fraca

Jorge Viana critica PF na operação Carne Fraca

Em pronunciamento no Plenário, nesta terça–feira (21), o senador Jorge Viana (PT-AC) criticou a demora na revelação das irregularidades denunciadas à Polícia Federal, que deflagraram a Operação Carne Fraca, e também a forma como a operação foi anunciada. Ele ainda prestou solidariedade aos criadores e produtores do Brasil, e principalmente do Acre, afetados pelos resultados da Operação. “Quero levar minha solidariedade para aqueles que criam, que trabalham, que produzem e que não fazem parte de um bando de criminosos. Acho que as autoridades, no mínimo, cometeram uma falha grande”, avaliou.

Ao se referir ao fato de que a polícia tinha conhecimento das irregularidades há dois anos, Jorge Viana afirmou que “esse crime tem que ser combatido ato contínuo”, frisando que crianças consumiram produtos irregulares na merenda escolar e que a população foi aos supermercados e aos açougues comprar produtos que põem em risco a saúde pública.

Jorge Viana ressaltou que o país levou quase um século para se firmar como grande produtor de proteína animal no mundo, além de também ser referência para a Organização das Nações Unidas (ONU) na produção de alimentos e combate à fome.

O Acre tem quase três milhões de cabeça de gado e produz carne de boa qualidade, garantiu o senador. Ele destacou o trabalho que fez junto aos pecuaristas do estado, onde enfrentou o problema da aftosa e criou um instituto de defesa e zoneamento para dar segurança jurídica aos criadores. O senador também informou que o desmatamento foi reduzido com o uso de 13% do território para atividades da agropecuária.

Para pecuarista, Polícia Federal foi irresponsável

Ao Jornal Estadão, o pecuarista e vice-presidente da Sociedade Rural Brasileira, Pedro de Camargo Neto, disse ao Estado que a Polícia Federal (PF) foi irresponsável ao anunciar a operação Carne Fraca como a maior da sua história. Segundo ele, o tamanho do problema é menor em relação ao estardalhaço que foi feito.

“A PF foi irresponsável. Acho que existe pontualmente algo muito real e que tem de ser penalizado, mas é menor do que foi apresentado. Por ser menor, me preocupa o estrago que possa provocar”, afirmou Camargo Neto. Na sua opinião, quem vai pagar a conta é o pecuarista, o elo mais fraco da cadeia, disse.

Para Camargo, a PF fez um estardalhaço, que faz lembrar as palavras de muitos políticos da Lava Jato. “Crime é crime: crime grave, punição grave; crime leve, punição leve. É por aí. Que bom que estão apurando. Agora o estardalhaço que a Polícia Federal (PF) fez para apresentar o que encontrou depois de dois anos de investigação é o que eu não consegui entender. Quando a PF apresentou a operação como a maior da história, ela deu destaque para o tamanho crime. Mas quando você vai para os fatos… Acho que existe pontualmente algo muito real e tem que ser penalizado, mas é menor do que foi apresentado. A PF aumentou o problema. Temos de mostrar o seu devido tamanho. E por ele ser menor, me preocupa o estrago que possa ocorrer”, disse.

Sobre os danos para o setor, o pecuarista disse ao Estadão que será um efeito dominó. “Há dano para o setor, não só para as empresas. No mercado interno, as pessoas não estão querendo comer carne. O impacto internacional eu não sei dizer ainda. Não sei se algum país vai deixar de comprar carne. É cedo. Às vezes um país europeu não suspende, mas uma rede de supermercado suspende. É uma decisão imediata e pode provocar efeito dominó. Se uma rede europeia informa que não está comprando de determinado frigorífico, ela pode ser acompanhada por um país, por exemplo. O produtor é quem vai pagar o pato. É o elo mais fraco. Sobra para o pecuarista. Na hora que a indústria não vende, ela não compra. É difícil dizer quanto, mas que vai pagar, vai”, finalizou.