Após ação do governo federal, ajuda começa a chegar em Roraima para ajudar os Yanomami, que vivem uma crise humanitária. O Jornal da Globo conversou com Dário Kopenawa Yanomami, que está há anos monitorando de perto e na luta para reverter a situação do povo Yanomami.
Ele é filho de Davi Kopenawa e vice-presidente da Associação Hutukara, que representa o povo. Ele explicou à Renata Lo Prete como a situação foi se agravando ao longo dos últimos anos, principalmente com o avanço do garimpo ilegal.
Renata Lo Prete: Qual é a questão de atendimento à saúde mais urgente a ser enfrentada na reserva Yanomami?
Dário Kopenawa: É mais urgente [a presença] de mais técnicos de enfermagem, enfermeiros, nutricionistas e medicamentos.
Renata Lo Prete: Em 2020, você me disse que o garimpo na reserva é “doença, violência e morte”. Pode descrever como a situação piorou com a pandemia.
Dário Kopenawa: Mais doença, mais violência e mais mortes. E o cenário do garimpo ilegal também piorou a duras consequências da pandemia do coronavírus, que também agravou bastante.
Renata Lo Pete: No governo passado, você relatou pessoalmente ao vice-presidente Hamilton Mourão as consequências da explosão do garimpo dentro da reserva. Algo aconteceu?
Dário Kopenawa: Eu conversei pessoalmente com o vice-presidente Hamilton Mourão para tomar as providências mais urgentes e retirar os garimpeiros da Terra Indígena Yanomami. Não aconteceu nada e não foram tomadas as providências do que eu pedi na presença do vice-presidente Mourão.