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Editorial

Chuva de pesquisas na reta final da campanha

Quem criticava as pesquisas eleitorais em 2022 parece ter decidido ficar calado em 2024. O jogo das pesquisas eleitorais foi destaque nas eleições presidenciais e continua sendo um tema importante nas eleições municipais. A Justiça Eleitoral e os legisladores brasileiros precisam se debruçar sobre a quantidade de pesquisas divergentes que têm surgido nos últimos anos.

É necessário estabelecer uma regulação, ou seja, um marco regulador, uma legislação que oriente, puna e organize o caos que se tornou uma técnica tão bonita e necessária, não apenas para a política, mas também para o nosso cotidiano.

Não é possível que alguns números de dias atrás sejam tão reversíveis, especialmente quando sabemos que não houve fatos novos que justifiquem tal mudança no cenário. Os sentimentos humanos são, até certo ponto, imensuráveis, mas uma eleição é muito mais do que dor de cotovelo ou paixão avassaladora.

Algumas pesquisas são realmente científicas e sérias; outras, no entanto, são mercadorias vendidas em negociações nefastas que buscam induzir o eleitor a fazer uma escolha, muitas vezes resultando em danos à vida da população por quatro anos.

Magistrados e parlamentares, juristas e especialistas não podem ficar embasbacados diante de tamanha agressão à democracia. A omissão abre espaço para os abutres, que geralmente são bons atores.

Eleições 2024 e o esvaziamento das propostas

Se em 2022, as eleições gerais foram marcadas pelas pautas de costumes, esquerda versus direita e o debate se o Brasil iria virar uma Venezuela, não sei o que dizer de 2024. São as eleições das “trends”, todo mundo copiando todo mundo, e muito “blá blá blá” em rede social. As eleições municipais deste ano, até agora, são marcadas por um enorme esvaziamento de propostas, com muitos candidatos sem conhecer o plano de governo. Eu arrisco dizer que alguns não saberiam dizer mais do que cinco propostas de um provável ou futuro governo.

“Muita mídia e pouco futebol”, como dizem nos gramados. Atualizando para o marketing político atual, ou a modinha do momento, “muita mídia e pouca proposta”. É preciso ter muito cuidado, porque talvez até seja um candidato bom, no entanto se for um futuro prefeito(a) ruim, apenas preparado para as tendências do marketing, serão quatro anos de sofrimento e muita dancinha no Tik Tok. Literalmente, o povo é quem vai “dançar”.

Nada contra as trends, mas o candidato essencialmente tem que ter proposta. Eu sei, a nova geração gosta de algo inovador, “descolado” e muito instagramável, mas o futuro gestor precisa funcionar, precisa governar. Não é Tik Tok que vai analisar uma peça orçamentária com cuidado, ou preparar uma licitação importante. No final de tudo, é preciso competência e preparo técnico, além de uma boa equipe para o município caminhar em passos harmônicos.

O seu candidato já entregou a você o seu plano de governo? O que ele pretende fazer pela sua cidade? As propostas dele são viáveis ou são fantasias de Alice no País das Maravilhas? Ele tem condições de implementar o que propõem ou você só confia por que está empolgado com a campanha acirrada?

E dentro do mundo das propostas de governo ainda existe outro capítulo importante: o que ele está propondo? Não adianta propor construir uma ponte ligando a Terra até a Lua. É muito “massa” e inovador, mas é possível na realidade local do seu município? As propostas são viáveis ou parecem ilusões para ganhar a eleição? Cuidado com o golpe do “emprego para todos”, pois até as “tetas da prefeitura” tem limites.

São perguntas óbvias, claras e minimamente inteligentes até para o animal menos irracional do planeta.

Cuidado para não cair no “golpe do filtro” das redes sociais, que esconde o verdadeiro candidato. Ele pode ser bom na mídia, mas tem que ser bom e mais quesitos. Se você errar agora, só em 2028 vai tentar corrigir essa falha. Talvez seja muito caro para o seu município.

Campanha boa não tem medo de drone

As eleições passaram por grandes transformações ao longo dos últimos 20 ou 30 anos. Dos showmícios até os carnavais fora de época, as campanhas saíram da carroceria dos caminhões para os praticáveis de aço galvanizado e alumínio, ou ainda as bocas de difusora para os paredões cheios de leds coloridos.

As fotos eram a parte mais precária, e os repórteres eram poucos, e contratados como “Coca-Cola no deserto”, pois uma foto impactante na primeira página do jornal era tudo o que um bom candidato precisava para conquistar o “voto de beradeiro” (famoso do voto de não votar para perder ou votar em quem tá na frente).

Se hoje temos os jingles comerciais, em sua grande maioria sem graça, naquele tempo eram jingles autorais e que marcaram a história das campanhas. São poucos os candidatos que ainda apostam em jingles verdadeiramente autorais, sem “pegar ideia” de outros exemplos de sucesso.
Mas o grande destaque são os drones, ixe! Esses dispensam comentários. Os helicópteros e seus fotógrafos custavam os “olhos da cara”, no entanto, eram mais usados para fotografar as cidades após a gestão de algum grupo, mostrar o crescimento dela, os novos prédios, os novos calçamentos de ruas e muito outras ações de governo.

Os drones popularizaram as imagens aéreas, e tornaram bem mais acessíveis, tendo em vista que tem drones de variados tamanhos, modelos e preços. E nas eleições eles são a febre desde a campanha presidencial de 2022, mas agora em 2024 eles são necessários. O comparativo acabou com as “estatísticas das fotos” ou a “contabilidade criativa” dos cabos eleitorais.

Em 2024, campanha boa, campanha de sucesso, campanha de quem vai disputar uma vaga mesmo… não tem medo de drone.

Eu ia até perguntar se ofende dizer isto, mas se ofendeu… Vá atrás de gente e voto, que a gente faz a foto… e de drone!