A Pandemia do novo coronavírus no Brasil foi principal catalizador de debates políticos, que começaram desde as declarações do presidente Bolsonaro até às aglomerações na campanha eleitoral.
No início do “fechamento” e do “fique em casa”, os decretos foram uma forma barrar a sociedade para uma escalada de colapso do sistema de saúde, que em algumas regiões aconteceu de fato, mas não tão graves e generalizados como em outros países.
Durante os últimos sete meses estamos assistindo ao festival de descumprimento de decretos e leis, que mostram uma característica do brasileiro: o total menosprezo pelas normas e instituições, ou ainda muito pior, o desprezo pelo valor das vidas humanas. Desde declarações “e daí?” passando pelos festival da “imprensa da morte”, ou ainda um apegos aos números com teorias mirabolantes.
Isso vale para os antis ou prós, direitista e esquerdistas, ou qualquer outra categorização burra que este país produz a cada dia. Não podemos esquecer também dia “especialistas de redes sociais”, dos “cientistas sem diplomas”, dos “analistas da relativização”, e o pior: o “negacionistas políticos”. Este último negou o vírus ou parte de seus efeitos em nome da defesa dos seus governantes de estimação.
Passada parte da turbulência, chegamos na campanha eleitoral. Quem antes pedia para ficar em casa faz até propaganda para voluntariar mesário, não é mesmo minha filha?
Mas o espetáculo da hipocrisia viveu entre bares lotados, com cuidados sanitários do mundo da lua, chegando às mobilizações políticas em nome da democracia. Cada um que defensa o seu time, que na verdade representa seu bolso.
Os decretos? Ah, tinha até esquecido do tema! Os decretos eles voltaram, com mais uma dose avassaladora de hipocrisia, e dessa vez com um toque de estratégia. Os prefeitos estão utilizando esse instrumento legal para duas realidades.
Os prefeitos que lideram a preferência do voto querem manter esse cenário, então é #fiqueemcasa. Alguns prefeitos em desvantagem analisam o cenário e também aplicam esse decreto, pois seu adversário fica vetado para fazer um arrastão e mostrar sua força.
Os arrastões que induzem ao “voto do beradeiro”, aquele que vai para a maior carreata ou passeata, ou que não vota para perder, acontecem diariamente pelo Brasil, e vai continuar. Nunca foi uma questão de saúde pública, pois política pública nesse país é coisa de gente sonhadora, o que vale mesmo é dinheiro no bolso e interesses garantidos.
No atual contexto, talvez um #fiqueemcasa não represente cuidado, pode ser apenas uma boa desculpa para #fiquecomoestá.