Os inúmeros desafios enfrentados por preceptores ao ensinar em campos de prática, especialmente quando se trata de alunos com necessidades específicas, fez que com o Hospital Universitário Ana Bezerra (Huab-UFRN), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), desse um passo importante para garantir que todos os estudantes, independentemente de suas limitações, tivessem acesso a um aprendizado eficaz e humanizado.
Trata-se do minicurso “Ensinagem e Inclusão: Educação Inclusiva na Preceptoria em Saúde”, de iniciativa da Gerência de Ensino e Pesquisa. Foi o primeiro treinamento com esse foco e contou com uma média de 40 participantes, envolvendo profissionais da saúde, infraestrutura, hotelaria e gestão de ensino e pesquisa do Huab. Ele foi realizado no dia 22 de agosto, com carga horária de 4h.
A educação inclusiva é um direito e uma necessidade urgente no contexto da formação em saúde. Os preceptores desempenham um papel crucial na formação dos futuros profissionais de saúde, atuando diretamente na supervisão e orientação dos alunos durante estágios e residências. Entretanto, o chefe do Setor de Gestão do Ensino, Pedro Farias, reforçou que muitos preceptores relatam dificuldades em adaptar suas metodologias de ensino para atender às necessidades específicas de alunos com deficiências.
“Essas dificuldades podem incluir a carência de conhecimento sobre estratégias inclusivas, barreiras comunicacionais e estruturais, e a ausência de recursos adequados para promover uma educação equitativa. Ademais, observa-se que a inclusão ainda é um tema pouco debatido”, afirmou.
O gestor pontuou que o momento foi importante para sensibilizar os preceptores acerca de uma prática de preceptoria inclusiva, preparando-os para atender uma diversidade de alunos e residentes, seja em estágios, rodízios, projetos de pesquisa e extensão. “É fundamental a instrumentalização dos preceptores com estratégias e ferramentas práticas para adaptar suas metodologias de ensino, de forma a incluir e apoiar alunos em formação de saúde com necessidades específicas”, ressaltou.
A instrutora do treinamento e nutricionista, Thais Borges, acrescentou ser de conhecimento de todos que os alunos com deficiência encontram diversos desafios que vão além das barreiras arquitetônicas, podendo comprometer sua formação e atuação profissional. “O minicurso ofertado pelo HUAB se caracteriza como um exemplo de acessibilidade atitudinal, uma vez que os profissionais envolvidos no ensino de alunos com deficiência se colocaram à disposição para aprender sobre acessibilidade e inclusão, contribuindo na garantia de um direito: o acesso à educação inclusiva”, comentou.
Ela explicou ainda que as adaptações são de acordo com o tipo de deficiência e elencou que dentre as principais estratégias de acessibilidade que podem ser realizadas no contexto da preceptoria estão:
– Atitudinais: Conhecer as terminologias corretas; evitar atitudes e expressões que reforçam o capacitismo; investir em capacitação profissional;
– Metodológicas: disponibilizar formas alternativas para avaliações/atividades para alunos com dificuldades motoras relacionadas a escrita ou com deficiência visual como podcast, resposta falada; utilizar linguagem simples em materiais didáticos; inserir fluxogramas e esquemas visuais com descrição das imagens e vídeos legendados; elaborar documentos e avaliações em fontes ampliadas para os alunos com baixa visão;
– Comunicacionais: presença de intérprete de Libras para alunos surdos que utilizam Libras como língua principal;
– Tecnológicas: disponibilização de tecnologias assistivas nas instituições de ensino como leitores de tela nos computadores, sites com acessibilidade, tradutores de libras.
Segundo Thaís, a experiência foi muito enriquecedora, como também um marco inicial para mudanças relacionadas à inclusão. “Foi uma grande satisfação contribuir com esse momento de formação. Agradeço o convite da GEP”, frisou.