Situação tensa na Grande Natal continua, principalmente de pois de mais um ataque contra micro-ônibus. A ocorrência foi em Parnamirim com um veículo da linha 6 (Pirangi/Parnamirim)
O micro-ônibus foi interceptado por homens que mandaram o motorista e os passageiros descerem do veículo e atearam fogo. O fato aconteceu no bairro Nova Esperança.
Ainda não se sabe o porquê de não ter dado certo a transferência 220 detentos de três presídios da Grande Natal. A juíza corregedora da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, Maria Nilvalda Torquato, não aceitou as permutas de presos e a Secretaria Estadual de Segurança (Sesed) não sabe explicar o que causou tal embaraço.
Diante do impasse, os 116 presos que saíram da Penitenciária Estadual de Parnamirim (PEP) deveriam ficar custodiados em Alcaçuz, porém tiveram que ser acomodados na Cadeia Pública de Natal, o Presídio Provisório Raimundo Nonato Fernandes, na Zona Norte de Natal.
Diante desse impasse, nessa madrugada de quinta-feira (19), a Cadeia Pública de Natal vai saltar de 560 detentos para 676 presos. Isso supera e muito a sua capacidade, que é de receber 216 presos.
A onda de insegurança que assustou os potiguares em 2015 e 2016 parece ter uma nova edição em 2017. Natal vive uma tarde/noite de terror com vários ataques contra ônibus e prédios públicos. O Governo do Estado diz que está sendo investigado se os ataques têm relação com a crise no sistema penitenciário do estado e que “pessoas já foram presas”, mas não revelou mais detalhes.
Natal foi o primeiro alvo dos ataques, no mesmo momento que a Polícia Militar controlava a situação em Alcaçuz, iniciando a remoção de 220 presos.
O Blog selecionou os principais fatos que marcaram a sociedade potiguar nessa quarta-feira (18) de verdadeiro terror e insegurança por várias cidades e principalmente na região metropolitana de Natal.
O saldo total foi de doze ônibus, dois micro-ônibus, um carro oficial do governo, duas delegacias e um prédio de uma secretaria de saúde como alvos dos ataques.
Confira a onda de ataques em detalhes:
VEÍCULO OFICIAL
O primeiro fato ocorreu no bairro de Mãe Luíza, na Avenida João XXIII, com disparos de arma de fogo em um veículo oficial do Governo, que em seguida pegou fogo.
1º ÔNIBUS
Nas proximidades da Praia do Meio, em Brasília Teimosa, um ônibus da empresa Santa Maria foi incendiado.
MAIS DOIS ÔNIBUS
O terminal de ônibus do Vale Dourado, no bairro Nossa Senhora da Apresentação, na Zona Norte da cidade, foi atacado e dois ônibus foram incendiados.
SEM ÔNIBUS
Após os três ataques, os ônibus foram recolhidos para as garagens das empresas com medo de novos ataques. Toda a frota foi paralisada.
OITO ÔNIBUS
Depois de um final de tarde caótico, a garage da Viação Contijo foi atacada e oito ônibus foram queimados. O fato ocorreu no bairro Felipe Camarão, na Zona Oeste de Natal.
PARNAMIRIM
Um micro-ônibus foi incendiado no Bela Vista, bairro de Parnamirim, na região metropolitana de Natal.
MACAU
Em Macau, cidade da região salineira do estado, um micro-ônibus também foi incendiado.
SEM ATAQUE
A PM evitou que um novo ônibus fosse incendiado no conjunto Parque dos Coqueiros, Zona Norte de Natal.
CAICÓ
A garagem da garagem da Secretaria de Saúde de Caicó, na região Seridó do Estado, foi incendiada.
JARDINENSE
Um ônibus da Viação Jardinense foi queimado na garagem da empresa, em Caicó.
ATAQUES NAS DELEGACIAS
O 1º Distrito Policial, no bairro de Cidade Alta, sofreu ataque por dois homens em uma motocicleta. Os bandidos atiraram contra a fachada.
MAIS ATAQUES
A 14ª DP, no bairro de Felipe Camarão, na Zona Oeste de Natal, teve o prédio alvejado por tiros.
Em entrevista ao Globo News, na tarde desta quarta-feira (18), o procurador-geral do Estado, Rinaldo Reis falou sobre a crise no sistema prisional do Rio Grande do Norte. Ao canal, ele engrossou o discurso já dito pelo governador do Estado, Robinson Faria, ao relacionar a rebelião no RN ao massacre em Manaus registrado nos primeiros dias do ano e que resultou na morte de 56 detentos naquele estado. No RN até o momento foram contabilizados 26 óbitos.
“É reflexo da guerra que se instalou das principais facções do país pelo domínio das rotas do tráfico de drogas e, aqui no Rio Grande do Norte, lamentavelmente em Alcaçuz, encontraram um terreno fácil para isso por que não havia tanta segurança devido não terem acontecido as obras de reforma do presídio. Era algo previsível”, disse o representante do Ministério Público.
Sobre o trabalho do MP nas investigações da rebelião, o procurador lembrou que ontem foi criada uma força-tarefa com o intuito de acompanhar o andamento das ações relacionadas a crise no sistema. O grupo é formado por cinco promotores e órgãos investigativos como o Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e os Centros de Apoio Operacional (Caops) Criminal e do Patrimônio Público. Este último para acompanhar a questão da possível improbidade, uma vez que “tem armas entrando com extrema facilidade dentro da unidade prisional e pode estar associação a corrupção dentro do sistema”, falou.
Ainda na entrevista, ele lembrou que após março de 2015 os presos passaram a ficar soltos, as celas ficaram sem grade em Alcaçuz, a maior penitenciária do estado, também após uma revolta dos presos. “E nunca o estado conseguiu recobrar o controle da situação ali e agora agravou-se a crise por conta dessa guerra entre as maiores facções criminosas do país que repercutiu aqui, como vai repercutir fatalmente em outros locais do Brasil”.
Questionado sobre a falta de ações do estado em realizar melhorias na unidade prisional e reforçar a segurança após quase dois anos seguintes da rebelião de 2015, Reis argumentou a burocracia como entrave. “Infelizmente o problema do estado patina em uma burocracia imensa que poderia ser vencida já que desde aquele período existe o decreto de emergência nessa área”.
Dois ataques foram registrados em Natal nesta tarde de quarta-feira (18). Uma troca de tiros na avenida João 23, no bairro de Mãe Luíza, e também um ônibus foi queimado na Rua 25 de dezembro, próximo ao Hotel Reis Magos, na praia do Meio.
Na Av. João 23 houve troca de tiros e um veículo do Governo do RN foi incendiado.
Na praia do meio, o ônibus da linha 38, da empresa Santa Maria, foi incendiado. Um homem pediu parada e ordenou que os passageiros e o motorista descessem. Após isso incendiou o veículo.
As notícias sobre a rebelião no presídio de Alcaçuz já estão nos grandes portais da imprensa nacional. O Jornal O Globo abordou a superlotação do maior presídio do Estado do RN. Segundo a reportagem, o presídio deveria receber 620 presos, no entanto abriga atualmente 1.140 pessoas.
“A rebelião na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, na região metropolitana de Natal, teve início na tarde deste sábado, por volta das 16h30m. Ao G1, o major Eduardo Franco, da comunicação da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, disse que houve invasão de presos do pavilhão 1 no pavilhão 5, onde estão internos de uma facção criminosa rival. De acordo com Virgolino, os criminosos estavam separados entre os presídios e por pavilhões. Segundo informações da secretaria estadual de Justiça e Cidadania (Sejuc), a penitenciária tem capacidade para 620 presos, porém, abriga 1.140 pessoas. A unidade é composta por cinco pavilhões e tem 151 celas. Em imagens divulgadas pela PM, é possível ver presos no teto de um dos pavilhões neste sábado”, afirmou a reportagem.
Com dados oficiais, o que se sabe até agora é da morte de 10 presos. A PM só deverá invadir o presídio hoje (15) pela manhã.
Até agora, a única ação do Governo do RN foi reforçar a segurança no entorno do presídio de Alcaçuz e emitir uma nota à imprensa. Não há registro de fugas ou ações na área externa do maior presídio do RN.
O Governador já se reuniu com o Gabinete de Gestão Integrada, o GGI, para acompanhar a situação.
Confira a nota na íntegra:
NOTA À IMPRENSA
A respeito da rebelião em curso no presídio de Alcaçuz, na região metropolitana de Natal-RN, o Governo do Rio Grande do Norte esclarece que:
1. A rebelião teve início por volta das 17h, partiu de uma briga entre presos dos pavilhões 4 e 5 e está restrita aos dois pavilhões. Estão sendo levantadas informações acerca do envolvimento de facções criminosas. A polícia está trabalhando no local para a contenção da rebelião.
2. Não há registro de fugas;
3. As informações quanto ao números de mortos e feridos estão em levantamento, com pelo menos 10 mortes confirmadas até o momento;
4. Desde o início da noite, o governador do Estado do Rio Grande do Norte, Robinson Faria, está no Gabinete de Gestão Integrada (GGI), com o secretário de Segurança Pública, Caio César Bezerra; o secretário de Justiça e Cidadania, Wallber Virgolino; o presidente do Tribunal de Justiça, Expedito Ferrreira; o procurador geral de Justiça do RN, Rinaldo Reis; o comandante da PM, André Azevedo; e representantes das polícias civil e federal, Polícia Rodoviária Federal, Corpo de Bombeiros e Força Nacional, no comando das medidas para a contenção e resolução do problema nas próximas horas;
5. O governador Robinson Faria entrou em contato com ministro da Justiça, Alexandre de Morais, para que o Governo Federal acompanhe a situação do Estado, e pediu reforço da Força Nacional no lado externo do presídio, o que foi autorizado prontamente;
6. Não há registro de nenhuma ação externa aos presídios. O problema está restrito a Alcaçuz e a população pode seguir com suas atividades dentro da normalidade.
Aos bons e velhos idiotas da linha agressora e autoritária que o Brasil nunca deixa de lado, uma pergunta: Por que a morte de tantos criminosos nos últimos anos não colocou em xeque os índices da violência pelo país?
Em outra matéria, o blog lembrou as dezenas de homicídios que marcaram a sociedade santacruzense no início da década e que era anunciado por muitos como a “matança dos maus elementos”. Meses depois, anos depois, a “matança entre os bandidos” não solucionou a crise da segurança pública.
Essa barbárie medieval que toma conta do sistema penitenciário não é uma limpeza como os seguidores “BolsoNazis” anunciam a todo momento e até comemoram. Estamos vendo um banho de sangue no sistema e não podemos ficar satisfeitos com isso. Crime só gera mais crime. Essa guerra nos presídios é a luta dos criminosos para saber quem vai tomar conta do caos aqui fora.
Enquanto a “seleção natural” das facções segue com força total, a sociedade perde, o sistema enfraquece e o retorno para uma sociedade medieval é quase tão comum que perdemos a capacidade de atemorizar.
A cultura da morte não pode se tornar um cotidiano divertido.
A segunda década desse século XXI não começou bem para Santa Cruz, a cidade começou a ter avanços dos números macabros da violência. A princípio muitos diziam que não haveria problema algum, afinal se tratava da matança dos criminosos contra os criminosos.
Quase sete anos depois do avalanche de mortes e fatos trágicos pelo Trairi, além do aumento do consumo de drogas, a realidade é bem diferente da calmaria que os moderados faziam questão de anunciar. “Ah, é guerra de bandidos”, diziam na época. Quando os primeiros “cidadãos de bem” começaram a entrar na estatística, logo teve mobilização e preocupação com os altos índices de homicídio, assaltos e outros.
Novamente, agora a nível nacional, voltam a comemorar a matança dos presos na região Norte. A matança começa dentro dos presídios, gera uma crise e termina com a matança de pessoas de bem.
A violência como grande exemplo de solução dos problemas não vai gerar uma sociedade melhor. Aquele velho clichê, violência gera violência. Mais uma vez não iremos aprender com os erros do passado?
O prefeito de São Bento do Trairi tomou posse e já anunciou algumas medidas. Keka Araújo garantiu não interferir no trabalho da Polícia Militar do município e ainda autorizou o uso de um drone para auxiliar em operações policiais.
De acordo com o prefeito, o uso desse equipamento é estratégico para melhor ação da Polícia Militar. “A segurança é responsabilidade do Estado, mas como prefeito posso ajudar a Polícia. E não vou ficar de braços cruzados, a Polícia Militar vai ter apoio no que for preciso. O uso desse drone vai ser fundamental nas operações”, anunciou Keka.
A medida foi elogiada pela sociedade, que vive um dos momentos mais inseguros da história do Rio Grande do Norte.